O parto de cesárea (ou parto cesáreo, ou cesariana) foi criado para aliviar condições adversas maternas ou fetais, quando há riscos para a mãe, o bebê, ou para ambos, no decorrer do parto. Quando bem indicada, em casos de sofrimento fetal durante o trabalho de parto ou em situações onde há dificuldade no nascimento, a operação cesariana é um recurso que, seguramente, salva vidas. Com o decorrer do tempo, e devido a vários fatores, muitas das cesáreas realizadas mundialmente, e principalmente no Brasil, foram clinicamente desnecessárias.
O que a OMS diz sobre a cesárea??
De acordo com a OMS, Organização Mundial de Saúde, a taxa ideal de partos cesáreos não deve ultrapassar 15%. Entretanto, nos últimos anos presenciamos uma verdadeira “epidemia mundial” de cesarianas. Os países da Europa têm uma proporção geralmente, menor de 15%, de cesáreas, os Estados Unidos, em torno de 30%. O Brasil é um dos líderes mundiais em cesarianas, com taxas, ao redor de 30%, no SUS e maternidades públicas. Na saúde privada (planos de saúde), segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), as taxas chegam a 80% e até 90%. Consequentemente, a cesariana passou a ser aceita culturalmente, como um modo normal de dar à luz um bebê, em detrimento do parto normal (parto natural).
Projeto parto adequado
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é uma autarquia especial vinculada ao Ministério da Saúde e tem como missão defender o interesse público. Por este motivo, devido às elevadas taxas de cesarianas desnecessárias no setor de saúde suplementar do Brasil, ela lançou, em 2015, um movimento nacional a favor do parto normal e da redução gradativa das cesarianas desnecessárias na rede privada nacional, com o nome.
Por que evitar a cesariana?
Apesar destas e outras medidas adotadas para coibir a epidemia de cesáreas desnecessárias, o número continua extremamente alto. Isso nos mostra que outras estratégias ainda se fazem necessárias, como promover o contínuo esclarecimento e a garantia do acesso à correta informação pela população.
As repercussões do parto cirúrgico cesariana são bastante sérias e, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Médica Brasileira (AMB), as cesáreas acarretam cerca de quatro vezes mais risco de infecção pós-parto, três vezes mais risco de mortalidade e morbidade materna, aumento dos riscos de prematuridade e mortalidade neonatal, recuperação mais difícil da mãe, maior dificuldade e retardo do início da amamentação, maior possibilidade de complicações em gestações futuras, elevação de gastos para o sistema de saúde, entre outros.
Por que tantas cesarianas?
Vários estudos apontam que possíveis explicações para taxas tão altas, a ponto de se falar em epidemia de cesáreas, estejam diretamente ligadas a fatores socioculturais, dentre eles: as conveniências de tempo e financeiras para o profissional médico. Cosidere-se ainda o modelo de organização da assistência obstétrica no país (centrado no médico), a falta de leitos específicos para partos normais nos hospitais, a carência atual de enfermeiras obstétricas (parteiras) nas maternidades. Também a falta de incentivo dos planos de saúde para o parto normal, a falta da analgesia de parto nos serviços públicos e, consequentemente, o surgimento de uma cultura do parto cirúrgico, como “cesariana a pedido da mãe”, feita, muitas vezes, por influência familiar ou para aliviar o medo do parto natural.
Parto normal sem dor
Muitas mulheres ainda associam o parto vaginal à dor e desconhecem o fato de que é possível utilizar anestesia/analgesia durante o trabalho de parto, tornando este processo muito satisfatório e compensador. Outro temor comum nas gestantes é o relacionado à elasticidade vaginal, que poderia ficar comprometida após o parto, causando “frouxidão do períneo” e problemas sexuais no futuro. Por esta razão, é necessário conscientizar as mulheres de que nascimentos por via vaginal, na maioria das vezes, não lesam o períneo, nem deixam sequelas, principalmente com o pequeno número de filhos que as mulheres têm atualmente, frequentemente um.
Cesárea ou parto normal? Quando decidir?
Somente em poucos casos, é possível saber durante o pré-natal se o parto pode ser normal ou não. À exceção das situações em que existem indicações médicas precisas para cesariana, o correto é esperar o início do trabalho de parto e aguardar sua evolução. Se tudo correr bem, não há motivo para realizá-la. Programar o nascimento sem nem mesmo deixar a gestante entrar em trabalho de parto é transformar o parto normal, um ato fisiológico, num ato operatório – o parto cesáreo – com muitas desvantagens para a mulher e para o bebê, como a de retirar um feto ainda não maduro (ou mesmo, prematuro).
As vantagens do parto normal e natural!
As mães que dão à luz por meio de parto normal têm recuperação mais rápida, menos dor após o parto, maior facilidade no início da amamentação e melhores condições para cuidar do seu bebê sozinha. Estudos mostram que quanto mais a gestante estiver informada e esclarecida sobre essas situações, vantagens, complicações e alternativas, o parto tem maiores chances de sucesso, de ser considerado satisfatório, gerando uma experiência positiva, assim como uma mãe e um bebê saudável, nascido por um PARTO SAUDÁVEL e FELIZ!